DIP Financing: Como empresas em Recuperação Judicial podem acessar crédito, atrair investidores e voltar a crescer

Empresários em crise muitas vezes acreditam que o início da Recuperação Judicial representa a última cartada antes do colapso. E, de fato, o início de um processo de RJ é uma linha divisória — ou se reestrutura com precisão, ou caminha-se inevitavelmente para a falência.

O que a maioria desconhece é que, se bem conduzida, a Recuperação Judicial pode abrir portas antes inacessíveis. Uma delas é o acesso ao crédito estruturado com proteção legal e atratividade para investidores, por meio do chamado DIP Financing (Debtor-in-Possession Financing).

Estamos falando de capital novo entrando em empresas que já declararam insolvência, com autorização do juízo da recuperação, em condições que equilibram risco, prioridade de pagamento e segurança jurídica para quem financia. Em outras palavras: é a possibilidade real de retomada, com recursos frescos, lastreados em ativos existentes, fluxo projetado ou plano estratégico consistente.

No Brasil, essa modalidade foi formalmente incorporada com a Reforma da Lei nº 11.101/2005, especialmente nos artigos 69-A a 69-F. Na prática, trata-se de uma das ferramentas mais poderosas da reestruturação empresarial, e, quando bem estruturada, pode representar o divisor de águas entre o fim e a virada.

A realidade: empresas com mercado, mas sem liquidez

Nos bastidores da recuperação, observamos um padrão recorrente: empresas com produto validado, carteira ativa, estrutura operacional funcional, mas estranguladas por passivos acumulados, erros de gestão anteriores ou ciclos econômicos adversos. São negócios viáveis — mas sem caixa. E sem caixa, nenhuma empresa sobrevive.

Os bancos tradicionais não oferecem crédito nesse cenário. Os fornecedores recuam. Os ativos se deterioram. E o valor de mercado da empresa evapora com o tempo. É nesse momento que o empresário precisa de clareza estratégica e assessoria técnica: há fundos, FIDCs, family offices e investidores especializados que atuam exclusivamente nesse nicho de empresas em crise com alto potencial de retorno. Mas eles não investem em improvisação. Eles investem em estrutura.

O que torna uma empresa apta ao DIP Financing?

Ter entrado em recuperação judicial não é o suficiente. É preciso ter ativos concretos, plano de recuperação realista, viabilidade operacional e estratégia de saída clara para o capital que será aportado. O empresário precisa estar disposto a profissionalizar a gestão, abrir os números e renegociar com inteligência — sob coordenação técnica.

Nosso trabalho no M. Marques Advogados é justamente construir esse caminho: mapeamos juridicamente os riscos, redesenhamos a estrutura interna, validamos os dados com robustez técnica e modelamos uma captação segura, que seja autorizada judicialmente, conforme prevê a lei, e que entregue segurança ao financiador e sustentabilidade à empresa.

Como funciona na prática?

O juiz da recuperação pode autorizar a contratação de financiamento com garantias reais ou fiduciárias, com prioridade sobre outros créditos — inclusive os concursais. Isso significa que, para o investidor, há um incentivo jurídico forte: ele entra com segurança.

Já a empresa pode usar esses recursos para recompor capital de giro, pagar fornecedores críticos, recuperar a cadeia produtiva, executar planos de marketing, retomar contratos perdidos e até recontratar equipes-chave. É a sustentação da operação, enquanto o plano de recuperação é executado.

Importante destacar que o financiamento pode ser estruturado com garantias de recebíveis, alienação fiduciária de imóveis, equipamentos, ou até mesmo em combinação com planos de entrada de investidores estratégicos (estratégia muito usada por private equities e corporate ventures).

O empresário preparado se antecipa

A grande diferença entre uma recuperação bem-sucedida e uma que não passa do plano é o grau de preparo e estratégia desde o primeiro dia. Quem entra na RJ com dados mal organizados, sem governança, sem apoio técnico sério e com postura defensiva, não atrai capital. Perde tempo, credibilidade e recursos.

Por outro lado, empresas que se antecipam, montam projetos de reestruturação bem estruturados, com gap analysis, compliance financeiro e jurídico, e atuam com clareza e autoridade junto ao juízo, ao administrador judicial e ao mercado, conseguem virar o jogo.

No M. Marques Advogados, conduzimos não apenas a frente jurídica da recuperação, mas também o desenho das soluções financeiras integradas à estratégia judicial. Fazemos a ponte entre o direito, a gestão e o capital.

Considerações finais

O DIP Financing não é uma fórmula mágica, mas é uma ferramenta extremamente eficiente para quem entende que a recuperação judicial é mais que um processo — é uma estratégia de reconstrução empresarial.

Se a sua empresa tem ativos, história de mercado, operações que ainda fazem sentido e precisa de capital para retomar o controle, entre em contato. Atuamos com absoluto sigilo, diagnóstico preciso e uma equipe multidisciplinar que une inteligência jurídica, empresarial e financeira.

Com estratégia, estrutura e credibilidade, é possível crescer mesmo durante a crise.

Fale conosco em contato@mmarquesadvogados.com.br ou pelo WhatsApp do escritório

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